sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Chevron é multada em R$ 10 milhões por falha em plano de emergência (Postado por Lucas Pinheiro)

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) multou nesta sexta-feira (23) a Chevron em mais R$ 10 milhões em função do vazamento de petróleo ocorrido no dia 8 de novembro, no Campo de Frade, na Bacia de Campos, na Região Norte Fluminense. De acordo com o Ibama, a petrolífera americana foi multada por descumprimento de condicionante de sua licença ambiental.

Procurada pelo G1, a Chevron ainda não se manifestou sobre a multa.

O órgão ambiental explicou que a “análise realizada evidenciou falhas no cumprimento do Plano de Emergência Individual (PEI) aprovado no licenciamento ambiental do empreendimento”. Segundo o Ibama, entre as falhas observadas estão “a ausência de equipamentos nas embarcações de emergência e a demora no atendimento inicial ao vazamento”.

Esta já é a segunda multa que o Ibama aplica contra Chevron, em decorrência do vazamento iniciado em 8 de novembro. Na primeira vez, o Ibama multou a empresa em R$ 50 milhões.

PF indicia 17 pessoas, Chevron e Transocean
A Polícia Federal indicou 17 pessoas e mais as empresas Chevron e Transocean em consequência do vazamento. Segundo o relatório da PF, que está agora nas mãos da Justiça, todos os indiciados, incluindo o próprio presidente da Chevron no Brasil, George Buck, vão responder por crime ambiental. Destas, 16 vão responder também por falsidade ideológica, porque, para a polícia, sonegaram informações.

Os indiciados teriam até editado vídeos do vazamento para, supostamente, dificultar a investigação. O delegado Fábio Scliar, que comandou as investigações, diz que a Chevron e a Transocean, por ganância e conduta leviana de seus executivos e funcionários, recorrem a perfurações temerárias, assumindo o risco do acidente.

Segundo a investigação policial, o vazamento aconteceu porque foi usado excesso de pressão no poço. E a empresa americana sabia que estava perfurando numa zona de alta pressão, até porque o reservatório era bastante conhecido.

O delegado conclui que este poço não podia e não devia ter sido perfurado, e vai além: afirma que a ganância fez com que se pusesse em prática o risco proibido. Isso acabou permitindo que 2,5 mil a 3 mil barris de óleo cru vazassem no oceano e causassem um desastre ambiental de grandes proporções.

"As empresas Chevron e Transocean atuam ou, pelo menos, atuaram aqui nesse caso, de maneira leviana e irresponsável. Estavam trabalhando no limite do limite, como foi admitido por várias das pessoas que vieram depor", afirmou o delegado.

A pena máxima prevista em caso de condenação em todos os crimes denunciados pela Polícia Federal é de até 14 anos de prisão. No caso das empresas, a condenação pode representar até a proibição de exercer atividades no Brasil.

O próximo passo é ouvir o Ministério Público. Para a Chevron, o relatório final da Polícia Federal não reflete a resposta que a empresa deu ao incidente, nem a forma como colaborou com todas as autoridades. Ainda segundo a empresa, os fatos, depois de serem totalmente examinados, vão provar que a empresa respondeu de forma apropriada e responsável ao acidente.

Nos Estados Unidos, o chefe de relações públicas da Transocean declarou que os indiciamentos não têm fundamento e que a empresa e seus funcionários serão defendidos vigorosamente.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Foram identificadas dez infrações no caso Chevron, segundo a ANP (Postado por Lucas Pinheiro)

A diretora da ANP, Magda Chambriard, afirmou nesta sexta-feira (9) que já foram identificadas dez infrações cometidas no caso do vazamento do campo de Frade, na bacia de Campos, operado pela americana Chevron, incluídas em três processos diferentes de autuação.

"Todas [as infrações estão] respaldadas tecnicamente e acompanhadas por técnicos da ANP", disse, durante cerimônia em homenagem ao diretor-geral da ANP, Haroldo Lima, que deixa o cargo no próximo dia 11. A cerimônia aconteceu na sede da companhia no centro do Rio de Janeiro.

Procurada pelo G1, a Chevron afirmou que a empresa "está cooperando com as autoridades brasileiras para esclarecer as causas do incidente e para cumprir com todas as leis e regulamentos do Brasil, assegurando o cumprimento das suas obrigações de acordo com o contrato de concessão".

A diretora destacou que, quando aconteceu o acidente no campo de Macondo, no Golfo do México, nos Estados Unidos, a agência reguladora foi muito questionada se estaria preparada para antecipar e até mesmo impedir que vazamentos e outros acidentes acontecessem em território brasileiro.

Além de frisar que a agência reguladora chegou a evitar que uma situação como a do acidente do Golfo do México acontecesse no país, está 'totalmente preparada' e atuando com rigor no caso do vazamento de óleo no poço de Frade.

Segundo Magda, os funcionários da ANP são altamente qualificados para atender às necessidades da sociedade. No entanto, aproveitou a presença do ministro de Minas e Energias, Edison lobão, para lembrar que a agência reguladora precisa de mais 152 servidores, que se fizeram necessários com a chegada de novas atribuição da agência.

'Precisamos mostrar à sociedade que estamos preparados para executar o que a sociedade confiou que a gente fizesse', disse. Magda espera que o concurso público seja feito no próximo ano.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Chevron não informou existência de gás venenoso em Campos, diz ANP (Postado por Lucas Pinheiro)

A diretora da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, informou, nesta quinta-feira (1°), que foi constatada a existência de gás sulfídrico (H2S) em um dos dez poços em produção no Campo de Frade, na Bacia de Campos, no Litoral Norte do Rio de Janeiro, sob responsabilidade da petroleira americana Chevbron.  A verificação foi feita durante uma inspeção da ANP no dia 22 de novembro.

“Esse gás é um veneno para o trabalhador. Não houve vazamento porque, se tivesse havido, poderia ter matado alguém”, disse Magda. “Esse poço que produzia gás sulfídrico não estava na análise de risco e não tinha sido comunicada essa produção a ANP, como determina o contrato de concessão”, complementou.

Magda Chambriard explicou que, "como manda a boa prática da indústria", quando um poço produz uma substância de risco, tem que ser tratada adequadamente. "O poço tinha que ter a metalurgia adequada para essa situação”, enfatizou. “Estamos autuando e oficiando o Ministério do Trabalho e Emprego e o Ministério Público do Trabalho para que eles tomem ciência e as providências cabíveis”, acrescentou.

Após a contatação do gás, a ANP interditou o poço e emitiu uma terceira autuação, além das outras duas que já haviam sido anunciadas contra a Chevron, uma delas pela fato de companhia não ter entregue todas as imagens submarinas do vazamentio de óleo no Campo do Frade que foram solicitadas pela ANP.

“Pedimos a Chevron, que nos enviasse imagens de 24 horas, e nos mandaram imagens de dez segundos. Por isso, eles foram autuados”, explicou Magda. Ela ressaltou que, como em todos os processos da ANP, a Chevron tem direito ao “contraditório e à ampla defesa”, e que a penalidade “vai aparecer no final”.

Novo plano de contingência
Na quarta-feira (30), o secretário de Petróleo e Gás Natural do Ministério de Minas e Energia, Marco Antonio Martins Almeida, afirmou em depoimento na Câmara dos Deputados que o governo concluirá em 15 dias o novo plano de contingência para casos de vazamento de petróleo.

De acordo com Almeida, o vazamento de petróleo no Campo do Frade motivou o governo a repensar seu plano de contingência. O novo texto incluirá vazamentos de menor gravidade. O secretário explicou que pela proporção do derramamento na Bacia de Campos, o incidente não é contemplado no plano que exite atualmente.

Segundo Almeida, o texto atual se baseia no vazamento de óleo no Golfo do México, em abril de 2010, quando vazaram cerca de 700 milhões de litros. No Campo do Frade, o volume de óleo que vazou foi de cerca de 470 mil litros ou 2,4 mil barris.

Segundo o secretário, o novo plano, que deve entrar em vigor até o início de 2012, deve estabelecer a criação de um "comando único", formado pela ANP, Ibama e Marinha, para controle e monitoramento de pequenos vazamentos.

De acordo com ele, quando houver derramamento de óleo, a depender da gravidade e das características do incidente, um dos três órgãos será escolhido coordenador das ações. Atualmente não há regras definidas para a atuação dos órgãos do governo em caso de escape de óleo de pequena proporção, nem norma que determine uma ação integrada, sob comando único.

'Envergonhada'
Durante a audiência, o superintendente de Meio Ambiente da Chevron, Luiz Pimenta, afirmou que a petroleira norte-americana está “envergonhada” pelo vazamento de óleo.

“Para a Chevron, uma gota de óleo já é um problema. Imagina só como nós estamos nos sentindo envergonhados pelo que ocorreu. A Chevron assume toda a responsabilidade pelo incidente”, disse durante audiência pública

Pimenta afirmou que a petroleira “fez uso de todos os recursos disponíveis” para conter o escape de óleo. “A Chevron respondeu ao incidente de maneira responsável. Assumimos todas as respostas com os equipamentos devidos. O controle da fonte foi feito em quatro dias.” Ele afirmou que o vazamento está “praticamente” contido, restando escape de “óleo residual”.

Segundo Pimenta, o volume que ainda vaza é pouco menor que três barris de óleo por dia. Segundo ele, as fissuras do poço foram cimentadas, mas ainda há óleo “residual” subindo para a superfície do mar.

“A fonte está cessada. Ainda existe um fluxo residual em migração no fundo do mar. Temos estimativa de que está vazando menos de três barris diariamente”, afirmou. De acordo com Pimenta, não há uma previsão de quando o vazamento irá cessar por completo. “Não temos essa estimativa.”

Indagado sobre se a petroleira pagaria as multas impostas a ela pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Pimenta disse: “Quanto às multas, a Chevron vai analisar a legislação brasileira e considera que ela tem que ser cumprida.”

A empresa norte-americana foi autuada em R$ 50 milhões por violar a Lei do Óleo. De acordo com o Ibama, a Chevron ainda poderá receber multa de R$ 10 milhões se for considerado que ela não conteve de forma eficiente o vazamento, e receber outra sanção de R$ 50 milhões em caso de dano ambiental.